sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

[RESENHA] Guin Saga [Allena]

 Acho que os leitores daqui já devem saber, mas eu sou colaborador do JBOX, como a Allena que posta por lá há algum tempo é minha amiga e também produz resenhas sobre os mangás da Panini eu acabo não escrevendo sobre os títulos que ela já resenhou (mesmo sendo da Panini). Então nós conversamos na quarta e ficou combinado que eu colocaria aqui as resenhas dela (até mesmo porque ela escreve bem melhor que eu). Esse é o link para a resenha no site original.
O mangá Guin Saga na verdade é uma adaptação de uma série de livros (ou ligh novels se preferir) de mesmo nome escritos por Kaoru Kurimoto e ilustrados por diversos artistas, entre eles Naoyuki Kato, Yoshitaka Amano, Jun Suemi e Shinobu Tanno. A série chegou a ter impressionantes 130 volumes (!!!) além de ter sido traduzida para os mais diversos idiomas, como inglês, alemão, francês, russo e italiano.

Kaoru (é uma mulher, tá?) nasceu em Tóquio em 13 de fevereiro de 1953 e graduou-se em literatura em 1975. Durante sua carreira ganhou vários prêmios e quebrou alguns recordes. Ela escreveu cerca de 400 livros dos mais diversos temas e estilos. Infelizmente morreu em 26 de maio de 2009, aos 56 anos, de câncer. Seu último livro foi justamente o 130º volume de Guin, obra que agora encontra-se inacabada.

Guin Saga tem na verdade duas versões em mangá: Guin Saga – 7-nin no Madoushi (ou The Seven Magi) e Guin Saga (sem subtítulo nenhum). O primeiro teve ao todo 3 volumes desenhados por Yanagisawa Kazuaki, e se trata de uma versão em quadrinhos de uma história paralela ao original. O segundo, o licenciado pela Panini, foi desenhado por Hagime Sawada, com um total de 6 volumes.

Além dos quadrinhos em 2009 foi lançada uma versão em animê da obra com um total de míseros 26 episódios e que chegou a ser licenciado nos Estados Unidos.

Guin Saga (em formato mangá) começou a ser publicado em 2007 na revista Comic Rush. Tendo seu último volume sido lançado recentemente, em junho de 2010. Essa é uma das poucas obras do desenhista Hagime Sawada e ele não possui nenhuma outro trabalho famoso, pelo menos não por aqui.

Toda a história é centrada numa estranha criatura com a cabeça de leopardo em um corpo de homem (a la Schwarzenegger). A criatura responde pelo nome de Guin e não tem nenhuma memória, tirando um fragmento ou outro que surge às vezes como a palavra Aura e seu próprio nome. Mas, apesar da aparência bestial, é um gerreiro muito habilidoso e honrado, com um forte senso de justiça e lealdade.

No meio de uma floresta maldita (fronteira entre Nospherus e a Pradaria), Guin acaba encontrando um casal de gêmeos bem jovens, Rinda e Remus, que na verdade são os filhos-herdeiros do país de Parros que foi aflingido pela guerra. E é durante sua fuga que Guin os ajuda e acaba desenvolvendo uma amizade com os garotos. Apesar de quase não possuir memórias sobre seu passado ou maldição, Guin possui um vasto conhecimento do mundo e seus mistérios e instintos de sobrevivência aguçados.

Rinda e Remus são conhecidos como as pérolas de Parros e ambos aparentemente são envoltos de um quê místico. A menina Rinda além disso possui a habilidade de prever o futuro. Além de uma maior sensibilidade, também possui uma personalidade ousada e forte. Seu irmão Remus aparentemente não possui nenhuma habilidade, é o príncipe herdeiro do trono e possui uma personalidade acanhada, fraca e medrosa, totalmente dependente da irmã durona.

Por causa do seu senso de justiça e bondade, Guin acaba se envolvendo emocionalmente com as crianças e começa a acompanhá-las em sua difícil saga. Esperando também conseguir descobrir mais sobre si mesmo e o que significa seus raros fragmentos de memória. Eles passam por diversos apuros de todos os tipos, desde os inimigos de Mongaul, até as criaturas sobrenaturais que vivem no local. Mas também encontram companheiros e aliados durante o caminho.

O mundo e cultura de Guin é uma das partes mais elaboradas da história, muitos deles fazem referência à Europa. Durante esta história você conhece dois territórios: a Pradaria Central e Nospherus. A Pradaria Central, onde se encontram diversos reinos, dentro dela, na região de Gohra/Gora (a Panini não se decidiu que tradução usar e tem as duas versões =P), estão os reinos de Parros e Mongaul (o reino inimigo) dentre outros. Na história Mongaul está em expansão e é por isso que destrói o reino dos gêmeos – existe um enredo complexo e cheio de entrigas neste ponto.

O segundo território, Nospherus, é um mundo selvagem, desértico e sobrenatural, habitado por símios humanoides e criaturas monstruosas. Aparentemente Guin conhece muito bem este local.

No Japão esta versão em quadrinhos ficou classificada como shounen, mas tem uma história que agrada adultos sem sombra de dúvidas. O tema gira entorno da fantasia e história medieval, inclusive com muitas referências à mesma. Para falar a verdade, essa obra se assemelha muito a clássicos como Conan, o bárbaro e o Príncipe Valente.

A obra também lembra muito Berserk de Kentaro Miura. Na verdade, o próprio Miura admite que Guin foi uma grande influência e inspiração para ele. Mas além da semelhança no roteiro e temática, os próprios traços dos dois desenhistas são muito parecidos.

Infelizmente não encontrei informações sobre o final deste mangá. É bem suspeito que ele tenha sido concluído ao mesmo tempo que a autora morreu, além de ter ficado muito pequeno (era para ser uma versão completa do livro de 130 volumes…). A questão é: foi simplesmente cancelado pela morte da autora ou realmente teve um fim? Ou talvez tenha tido um final alternativo, adaptado pelo ilustrador, por causa do falecimento da autora? Parece que teremos que esperar para ver, o que não vai demorar muito, já que está no volume 04 por aqui.

Como já dito a nossa versão ficou por conta da Panini. A capa e papel utilizados é o mesmo de sempre, sem páginas coloridas. A aparência das primeiras páginas do volume 1 de Guin parecem diferentes, como se fossem originalmente coloridas e então mudadas para preto e branco. Mas infelizmente não tenho o original em mãos então não posso confirmar nada.

A tradução e revisão também manteve-se padrão, sem nenhum erro gramatical aparente, todas as onomatopeias traduzidas e legendadas e um glossário ao final. A única coisa que eu notei mesmo foi o Gohra e Gora: nos volumes 3 e 4 está como Gohra, volume 1 como Gora. A edição também está boa, com fontes diferenciadas e reconstruções em sua maioria impecáveis (embora eu tenha visto uma ou outra que dava para perceber uns errinhos, mas tem que olhar com cuidado).

Uma coisa que chamou muito a minha atenção foi o formato pequeno do mangá, inclusive com poucas páginas (160 cada volume), mas o original é assim mesmo e a versão da Panini ficou com o preço de sempre R$ 9,90. A capa e o fundo são a mesma imagem com cortes diferentes, no fundo também foi feito um resuminho (coisas nova vinda da Panini). Outro detalhe (idiota) que eu percebi é que a lombada do volume 2 está com um tom avermelhado no texto (contrastando com todas as outras que são puro branco).

Pessoalmente eu gostei muito dessa obra. Recomendo especialmente para os fãs de Berserk (não tem como errar). Quem não conhece o estilo, mas sempre teve uma vontade de ler, essa é sua chance! No mais é uma oportunidade de ler uma clássica história japonesa que, provavelmente, nunca teremos a sorte de ver por aqui (que editora vai licenciar 130 volumes? Ainda mais em livro…).


Título: Guin Saga
Autor: Hagime Sawada, baseado nas light novels de Kaoru Kurimoto
Demográfico: Shonen
Periodicidade: Bimestral, distribuição setorizada
Duração: 6 volumes
Preço: R$9,90

P.s. Eu, Kuroi amo esse mangá e tenho ele na lista dos meus 5 títulos preferidos que estão nas bancas (eolha que tem muita coisa boa nas bancas).

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